segunda-feira, 25 de abril de 2016

25 do quatro de setenta e quatro

- Onde estavas quando foi o 25 de Abril de 1974?

- Estava a dormir depois de um dia de trabalho no jornal O SÉCULO e fui acordado por um meu colaborador directo, que fez com que, num repente, me aprontasse para correr para a sede do jornal, que dias antes, a pedido, tinha comprado uma mesa de trabalho destinada a servir de local para mais de uma dezena de pessoas, simultâneamente, numa Casa onde uma tal prática não era comum, recordo a propósito.

Mas nada disso chegou a acontecer, a não ser a minha rápida corrida para a rua do Século, onde a confusão, em poucas horas, acabara de se instalar. Para só ter fim com o encerramento do jornal e com tudo o que fora a sua tradição não alinhada com, por exemplo, um Diário de Notícias, largos anos, fiel à linha editorial de um Augusto de Castro, ex-embaixador de Portugal, intimo do Governo que então perpetuara Salazar.

E foi assim o meu 25/4: mais do que tudo, libertação de rancores acumulados, inicio do fim dos consulados dos Pereira da Rosa, também eles, apesar do seu republicanismo, princípio do fim que logo se pressentiu na demagogia dos incapazes de reuniões em amplas mesas de trabalho.

A verdade que ficou, que fez vencimento, foi simples: o Diário de Notícias, fiel "servidor" do Regime, ficou. O "O Século", de profundas raízes republicanas ... foi-se ... E tirou-me o sono durante meses. Até ao aparecimento do Jornal Novo,
ousado no ser e no estar, enquanto lhe foi possível e a Confederação da Indústria, entretanto criada, lhe garantiu, indirectamente, o necessário alento.

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