sábado, 5 de março de 2016

Terreiro do Paço, que foi ...

Praça do Comércio ou Terreiro do Paço? Os estudiosos da cidade de Lisboa saberão responder.
Aqui no banco senta-se gente de todas as idades, mas não lhes conheço ninguém que se atreva, que saiba porquês sem ao assunto transmitir carga política agora, quiçá, fora de moda ... Embora a lusa aliança com a Grã-Bretanha seja ainda um facto e, esquecendo Espanha, seja nas nórdicas paragens que ainda se apoiam generalizados e prósperos argumentos.

Mas "o tema", aqui, hoje, é bem outro, tanto mais que, para o prometido continuar devido, necessário se torna ignorar, nunca o passado, mas o que não careça de ser presente.

Adiante: no Terreiro do Paço (pego-lhe pelas palavras que mais oiço), no Terreiro do Paço portanto, no piso térreo da Lisboa que, no alto (Castelo de S. Jorge), presta homenagem ao Primeiro Monarca que Portugal terá tido, mas, junto ao Tejo, no local onde, diz-se, a Monarquia terá acabado entre nós, apenas se encontra a placa que acima se reproduz a deixar adivinhar o seu tamanho acabado. Passei lá no dia que ali se pode ler o que a fotografia mostra, mas nada mais que conte a história (se calhar, ainda é cedo ...) a que temos direito.

Um blogue, por muito contemporâneo que seja enquanto meio de comunicação, também pouco pode adiantar, mas ... (em Moscovo soviético vi, pelo menos, a estátua de um Poderoso, "surpreendido" no cavalo que o montava ... ).

Vamos, entretanto, à história que é nossa - goste-se ou não dela:


ROCHA MARTINS
 in

D. Carlos - História do seu reinado


sem homenagem, mas com apelo à memória do historiador:
 

"Comprovar que um homem foi vilipendiado, chapejar de luz os espíritos pósteros, aos quais se pretendeu obnubilar, é uma acção própria de quem só ouça a Justiça, mesmo sob o estridôr dos bérros convulsos das hordas, sem preocupação de partidos, de conveniências, de escolas, de facções.
Os inocentemente exautorados de sua honra, os executados por uma iníqua sentença devem ser os duendes das consciências dos jurados perversos dos negros tribunais e dos que se constituem seus cumplices pelo assentimento, pelo aplauso ou ainda pela calada medrosa, indiferente, cobarde, em todos os casos vil.
Não quero viver entre espectralidades, nas alternativas dos fantasmas, em rembrandescos estados de alma nos quais o escuro das opiniões alheias empanem a alvura da convicção sobre a Verdade que julgo possuir em relação a um homem victimado por aqueles processos, arremessado para a jazida, esparrinhado tôrvamente pela infâmia, atirado para a História oficial - a que se ensina nas primeiras aulas às creanças e a que se impõe aos adultos em tom indiscutível - como um perverso, um tirano, um criminoso, quando o averiguei um bom, um patriota, um inocente.

É que se um sêr vulgar fica apenas nas vagas recordações dos que dêle ouviram falar e se perde sua memória com o rolar do tempo, um Rei junge-se eternamente à História do seu país, e o homem de que se trata era um Rei.
Chamava-se D.Carlos I, de Portugal. Foi assassinado, exautourado, cuspido nas páginas mentirosas dos livros produsidos para lisonjear desvários, cimentar interesses ou tentar calar inapagáveis remorsos (...)."





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