quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Cristo - O da Promessa

Quando o tempo passar e ninguém aqui der por isso, CUMPRI: escrevi e fui lido, falei e fui ouvido. Ainda que, eventualmente, só em parte ... Mas alguém parou, pelo menos, parou, parou para "ver", Como nos jardins, onde são mais os que passeiam do que os que se sentam ...

Mas hoje, que "já é tarde" ainda, de facto,  não me sentei para vos dizer, por exemplo, o que sonhei, mas cá estou, com um poema assinado no feminino, aqui reproduzido sem sexo, que, bem vistas as coisas, é um dos predicados da poesia: ou é ou não é... (Fernando Pessoa era homem, mas, para o ser inteiro, fartou-se de se procurar...)

Entretanto, basta de conversa introdutória, que, ainda por cima, o poema que adiante se reproduz, fala de Cristo - que se nega ou de que se fica a pensar, como eventual modelo de ser. Mesmo não tendo certezas.

O Pensamento, o facho que incendeia
A treva mais espessa e mais escura
Nos plainos desolados da Judeia,
Irradiou a sua luz segura.

Não há maior doçura na colmeia
Que em seu lábio de mel houve doçura,
Sublime doutrinário que guerreia
A tirania e advoga a fé mais pura.

Nestas eras de dúvida sombria,
Qual de nós, ó filho de Maria,
Ao recordar Mártir que morreu,

Não julga, vinte séculos volvidos,
Sentir ecoar-se, mística, aos ouvidos,
A ardente voz que prometia o Céu?!

Alice Moderno (1904)

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