quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Palmira Bastos, presente!


 N'O PROCESSO DE JESUS, que é uma peça de teatro em que se imagina o julgamento de Cristo, há actores dispersos entre o público que actuam a partir dos locais onde se encontram, o que proporciona um envolvimento notável entre "toda a gente". 

Quando vi a peça no D. Maria, em Lisboa, com, nomeadamente, Palmira Bastos, no papel de mulher da limpeza da sala, disse-se que, no teatro da estreia, o autor do texto, presente, teve que intervir várias vezes, porque o público, não conhecendo a peça, também sentiu necessidade de o fazer - não sei se para defender  Jesus se para o condenar ...

"... Mais interessante é a segunda parte: porque aqui o autor, recorrendo à intervenção de personagens colocadas na plateia, produz um questionamento através da presença de várias figuras sociais: um padre (inicialmente disfarçado), um jornalista, um filósofo, a mulher ou amante do filósofo. Os argumentos esgrimidos podem resumir-se assim: se a doutrina pregada por Jesus possui tanta grandeza e tanta força, por que razão os cristãos não transformam o mundo? Eis a antiga questão, que continua actual. Tudo se conclui na intervenção da velha que limpa o teatro, cuja tese se pode também resumir assim: eu não entendi nada do que estiveram a discutir; só sei que cá dentro do coração esta fé ou presença de Jesus me dá consolação e esperança... E beija as mãos de Maria. Outro dos dramas propostos é o drama interior dos próprios juízes: afinal o acusador também está marcado pela contradição entre a sua tradição e uma aproximação às palavras de Cristo. No fundo a atitude acusatória que desempenha é um reflexo da sua vida... Todos os acusadores profissionais são espelhos de si próprios."

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