quarta-feira, 29 de abril de 2015

Do lido, o sublinhado (74) - "Artes no Reino - século XVIII"


"O dinheiro nos reinos tem a qualidade que tem o sangue no corpo de alimentar todas as partes dele; e para o alimentar anda em uma perpétua circulação, de sorte que não pára senão com inteira ruína do corpo. Isto mesmo faz o dinheiro: faz que saia das mãos dos pobres a necessidade, o apetite e a vaidade das dos ricos. Pelas artes (isto é, através das indústrias) passa aos mercadores; dos mercadores a todo o género de ofícios e mãos por onde corram os materiais que põem em obra a arte; destas mãos à dos lavradores, pelo preço dos frutos da terra para sustento de todos; dos lavradores, aos senhores das fazendas; e das mãos de todos, pelos tributos, ao património real. Deste sai outra vez pelos ordenados, tenças, sustento de soldados, armas, fábrica de naus, de edifícios, de fortificações, etc. Quando esta circulação do dinheiro se faz no reino, serve para alimentar o reino; mas quando sai do reino, faz nele a mesma falta que o sangue quando sai do corpo humano."

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