segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Palavras cruzadas XXVIII - Marcelo Caetano e Mário Soares










Marcelo Caetano in DEPOIMENTO

"Constou-me que um dos membros do governo que me sucedeu, cuja vida se passou entre Moscou e Praga ao serviço da Internacional Comunista declarou que toda a legislação social existente devia ser revogada por contrariar os interesses do proletariado. Acredito que não favoreça, nem tenha nunca favorecido, os propósitos da revolução comunista, mas não se confundam esses propósitos com os interesses reais dos trabalhadores portugueses. A esses a legislação corporativa trouxe benefícios inegáveis, com a vantagem suplementar de lhes ter poupado muitos milhões de horas de expectativa, de sofrimento, de miséria, de ódio que as greves reivindicativas acarretaram para o operariado nos países em que os mesmos benefícios foram arrancados na luta ou onde as organizações sindicais fizeram dos trabalhadores massa de manobra de exercícios revolucionários."














Mário Soares in PORTUGAL AMORDAÇADO

"Marcelo Caetano, no terceiro ano do seu consulado, apresenta-se esgotado do potencial de renovação que trouxe consigo para o poder. O País vive o sentimento geral de que a política de "liberalização" terminou antes mesmo de ter verdadeiramente começado.

Na verdade, os factos estão à vista de todos. Em relação às grandes linhas da política salazarista tudo se afigura confrangedoramente na mesma. As mudanças são mínimas e quase sempre de fachada.

No plano político, embora tenha afirmado não querer ser ditador - como o outro! - subsiste o mesmo regime de poder pessoal. Continuam excluídas da vida nacional todas as formas de participação popular autêntica. O Povo é apenas chamado para o décor das manisfestações organizadas. Uma só cabeça - a sua - decide soberanamente por todos, socorrendo-se das "luzes" do Presidente da República. Mas nem sempre ... No resto, nota-se a mesma carência essencial de liberdade, em todos os domínios, verificando-se até certas aflorações de violência policial e de arbitrariedade da chamada justiça política mais ostensivas porventura do que no tempo de Salazar."



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