sábado, 20 de dezembro de 2014

Eu disse, tu disseste, ele disse (11)

REANIMAR PALAVRAS DITAS

















RUY BELO

É onde se não vai directamente e no entanto o espaço vence
Muitos dos gestos para já não dizem nada
e sobretudo há o silêncio e há mãos para tudo
o que sobeja. Eu e a minha vida
e entro e não sei da minha vida
Eu tinha gente à espera, assuntos sítios onde ir
e um amigo cresce cresce. E saio para a rua
e depressa - ai de mim - há fim em quanto faço
Já fui criança e quase sempre esqueço


MIGUEL TORGA

Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu ...
De tudo me redimes,
Penitência
De ser artista!
Nada sei, 
Nada valho, 
Nada faço, 
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!

Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adora e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.







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