sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Quem ler pode ganhar, se não se perder ...












Eu nunca "fui à guerra". As viagens que fiz, "fizi-as" ou para ir observar a paz alheia, ou para admirar as paisagens de que me falaram outros - pessoalmente, em narrativas feitas papel de revistas-embrulha-coisas, RTP (nos intervalos dos sorteios) e mais uma ou outra estação de televisão vendida em pacote ... Portanto, sejamos claros, considero-me um narrador-comentador de paisagens feitas.

- Mas, então, se está tudo dito, o que é que pretendes acrescentar?

- Nada, a não ser o que os meus olhos vêem e o cérebro toma nota. Esclareço: o bloco-notas, no meu caso, é um órgão, uma espécie de implante, que arranjei com a cultura que a família e outros académicos me deram ao longo de muitos anos. Muitos anos, digo bem. Tantos que, sem eles quererem, às vezes, me fazem lembrar o espírito inventivo do quixotesco Cervantes, que Deus tenha em boa guarda, para nos animar o possível encontro final.

E assim vou, juntando pequenos saberes ... Livros, q.b., que estão caros, papéis velhos com fartura, alguma NET, mais para confirmar do que para aprender (é preciso ser muito culto para saber saber ...). E ... e uma fome de paisagem que ninguém faz ideia. A humana, sobretudo, aquela que cheira a suor e que, às vezes, tem histórias inéditas para narrar ... Como as que me contam os mais velhos (e alguma família idosa) da aldeia da Beira, interior, claro, que sabem da vida coisas que nunca mais acabam ... Muito mais do que os universitários que ainda andam a aprender ...

É claro que, se eu tivesse ido p'ra fora mais vezes do que fui (olhem o Antunes, por exemplo) sabia, obviamente, muito mais ... Assim, não: sei o que fui sabendo, mais o que alguns dizem quando se sentam ao pé de mim na ruadojardim ... Que é, escrevo-o pela primeira vez, uma lateral da espécie de avenidadojardim  que lhe fica a dois passos. Passos de gente, claro.

Em resumo: cá estou. No paleio do costume com os saberes que vou juntando para vos dizer e evitar que se mortifiquem com o que, consta, as televisões atormentam as pessoas: guerras, religiões, discursos, debates e rebates, sorteios e mais sorteios. Sorteios mais importantes do que notícias, calculem. Não há pachorra
(ligue agora, ligue agora, ainda tem dois minutos ...). Estou farto de notícias.
Sobretudo, porque são repetições das que encontro, nomeadamente, nos meus papéis velhos.

Fica o manifesto. Em jeito de manifesta. Manifesta que não dá nem milhões, nem automóveis.

É tudo.


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