quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lusíadas contemporâneos




 Luís vais sem tostões!


                        I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana,
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana,
Nos seus poleiros bem engalanados
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se do quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

                      II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

                     III
Falem da crise grega todo o ano
E das aflições que à Europa deram!
Calem-se aqueles que por engano
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
Dos crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta..

                      IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado,
Por quem sempre senti carinho ardente,
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!



Luís Vais Sem Tostões

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