quarta-feira, 2 de outubro de 2013

PORTUGAL, carta aberta aos novos autarcas

Socorro-me de Agostinho da Silva* e da sua palavra sábia:

"Nenhum de nós poderá, num momento qualquer, garantir que a sua doutrina seja a que encerre a verdade; os desmentidos surgem a cada passo, as incertezas vão sendo mais fortes à medida que se penetra com maior informação e mais atenta inteligência do mundo que nos cerca; o afirmar categoricamente vai-nos parecer ao fim de certo tempo tão absurdo como o negar categoricamente; a maior parte dos juízos que formámos reconhecemo-los errados, a maior parte das teorias que arquitectámos ruíram sem remédio; há, ocultos no futuro, os factos que se preparam exactamente para nos vir desfazer a laboriosa construção; só a dúvida é boa companheira.

O que podemos é tomar certas hipóteses como mais ou menos prováveis; podemos joeirá-las no curso da razão e pôr de lado as que não resistam à prova; possuiremos sobretudo a verdade e iremos pelo recto caminho na medida em que submetermos à experiência e formos ágeis de entendimento e tão poderosos de vontade que nos não importemos de abandonar a mais bela das casas se ela se revelar desarmónica ante o mundo exterior (...); somos como o Eremita para o qual o abandono da casca quer dizer crescimento (...)."

* in Diário de Alcestes

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