quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Do lido, o sublinhado ( 1 )











Em MIGUEL TORGA

"Coimbra, 6 de Fevereiro de 1932 - Passo por esta Universidade como cão por vinha vindimada. Nem eu reparo nela, nem ela repara em mim."

"Coimbra, 8 de Janeiro de 1933 - Ao chegar, encontrei reunido na Central o concílio dos deuses. Sentei-me prudentemente à distância."

"S. Martinho de Anta, 3 de Março de 1934 - Aqui estou enterrado em montes até às orelhas, a receitar xaropes e a ler o Comércio do cabeçalho ao derradeiro anúncio. "Pela cidade" ... E vêm-me umas saudades dos eléctricos, das livrarias e do Joaquim António de Aguiar dentro da casaca de bronze à Portagem, que até estas pedras bravias se comovem. Já nem o negrilho posso ver. Ou saio daqui para um sítio onde haja ao menos um cinema, ou esta minha raiz, que mesmo do cabo do mundo bebeu sempre neste chão, seca como um canoco.

Mas ir para onde, se não tenho com que mandar cantar um cego, nem a mão de ninguém me acena de parte alguma de Portugal?"

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