terça-feira, 2 de outubro de 2012

Crónica de uma viagem à província



















Afasta-se a gente da urbana varanda com grades (ver "posts" anteriores) onde sonha com os campos verdes das paisagens que acumulou nas viagens que fez; mete-se a gente em Santa Apolónia no combóio à procura, por aí, das Suíças e Holandas que avistou e, praticamente, só em Terras do Douro é que lhes encontra paralelo. O "resto", salvo uma ou outra parcela de terreno mais ajeitadinha pelo homem, o que se observa é chão que ficou de herança à espera de quem o tratasse.

"A terra a quem a trabalha", ouve-se por cá, é certo, mas só quando é hora de fingir. Aliás, Portugal tem queda para a reclamação e a borla, mas passada a guerra das pessoais heranças, a que todo se dá, esquece, e, com o dinheiro que vai tendo, opta  pelo cultivo da desgraça, queixa-se das chuvas que não tem, dos incêndios de que acusa, se necessário, fantasmas os mais diversos. Amar a horta que lhe deixaram é que não - faz calos ... Sobram por ai documentos a prová-lo: hectares e hectares de lixo, de abandono, a que todo se dá, à vista desarmada. 

Portugal, quando observado de avioneta, em voo baixo, deve parecer um cemitério de vontades abandonadas. "A terra a quem a trabalha" foi, em boa parte do território, o máximo que fez. Que fez não! ... Que disse. Em contrapartida, convenhamos, onde Portugal é bom é nas bichas para os supermercados que anunciam borlas... Aí, surpreende. 

De resto, a medida da sua vontade, observada ao pé, esgota-se:

 no quintal, onde, em trajes quase menores, se distrai entre alfaces e tomates, no terreno anexo à moradia que esperava flores para alimentar olhares; 

ou, à noite, a ver o telejornal para ter que dizer no café, no dia seguinte. E ... e cortar na casaca ... 

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