sábado, 13 de outubro de 2012

A lusa propriedade horizontal e Fialho de Almeida

Pouco a dizer sobre propriedade horizontal. Isto porque somos (ignoro como são os outros ...) mais gente de propriedade individual do que horizontal. E, mesmo assim, de preferência, isolada, com mato à volta... 

Acontece, na verdade, que quando cai em sorte aos portugueses o convívio em que os interesses têm que apelar a uma certa educação de base e ao civismo, dificilmente há Código que resista. Se, como é normal em democracia, ainda por cima, as exigências desse viver comunitário fazem apelo indirecto à convivência política, então a coisa complica-se. Mas há ainda pior: não raro é determinante, mais do que o bom dia, a boa tarde, os sorrisos, as Boas Festas na altura própria ... a existência de amor visível, expresso, reiterado, aos gatos ... Isso: aos gatos.

Os gatos, mais do que os cães, são fundamentais nas regras do bom viver em propriedade horizontal. Atrevo-me mesmo a dizer que o Código Civil, face aos casos concretos existentes, deveria prever este "pormenor", sobretudo, no capítulo consagrado à Propriedade Horizontal, de modo a suavizar a já difícil harmonização dos interesses colectivos em presença.

Para que fique claro, apresso-me a dizer, contudo, antes que seja tarde, que "gosto de gatos e de cães". Desde que ... desde que os bichanos e/ou cãezinhos não "interfiram" na vida, por exemplo, de uma comunidade que não tenha possibilidade de viver de outra maneira...

Tento explicar-me melhor, citando, a propósito, Fialho de Almeida: "Deus fez o homem à sua imagem (gato) e semelhança (...) - paciente em aguardar, manso e apagado, com um ar de mistério, horas e horas, a surtida de um rato pelos interstícios de um tapume, e pelando-se, uma vez caçada a presa, por fazer da agonia dela uma distracção: ora enrolando-a como um cigarro, entre as patinhas de veludo; ora fingindo que lhe concede a liberdade, e atirando-a ao ar, recebendo-a nos dentes, roçando-se por ela e moendo-a, até a deixar num picado ou num frangalho."

E nada mais há a dizer, a partir deste banco, onde não há cão nem gato que não goste de aparecer para fazer companhia à gente de paz (digo eu) que o frequenta. Gente diversa, como estes "posts" sem códigos.



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