quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cova da Beira, Junho 2012

Na minha aldeia, querendo eu, tenho um cine-teatro que é muito melhor do que a televisão. No rés-do-chão, que é como quem diz, na plateia, é o cinema. Sento-me à janela e, sendo quase sempre os artistas os mesmos, o filme varia, em particular, com a época. No Verão, as personagens são mais e, à vezes, param e contam histórias inspiradas em situações francesas ou passadas para lá da Guarda, quase na fronteira, com sotaque castelhano. Ou falam de couves. Ou entretêm-se no ratanço, que tem dias em que é argumento forte - a atirar para o cómico, a lembrar Charlot.




Mas o verdadeiro espectáculo, esse, é no Verão, à tarde, quando as nuvens são azul claro e as montanhas, ao longe, parecem (parecem e são ...) folhas de papel cenário verde escuro e outros tons-serra, com alegrias feitas pedaços de manta, coloridos com brancos e filas cor de tijolo, que a gente imagina serem casas ou gente. E ai é que está o bonito da coisa: teatro, sim, mas totalmente imaginado, com fundo em mutação constante, conforme as horas do dia. O tema, monótono para muitos, é sempre baseado na mesma história: "a minha aldeia é mais azadinha do que a tua. Aqui quem manda é o ... e na tua, quem manda é o tal que ... que ainda é prima da, do ... cunhado daquela que  fugiu com o ..." 


O que sei é que é sempre uma tarde agradável. O cenário é, não raro, melhor do que o argumento, que peca por alguma monotonia ... Entretanto, o fulano das luzes, chamam-lhe Pedro, esse, em especial, no Verão, e nas alturas, faz milagres e prolonga o espectáculo.


Apareçam. Ainda há lugares vagos. A sala é enorme. Com boa vontade, cabemos lá todos. E o ar não é condicionado. Os geradores da Estrela e da Gardunha são garantia segura - do espectáculo e do ambiente que o envolve. E ouve-se cada uma ...

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